Como as Conjunções Planetárias Afetam o Céu Noturno
Você já ouviu falar em conjunções planetárias? Quando os planetas parecem se aproximar no céu noturno, formando belos pares ou alinhamentos, estamos diante de um dos eventos astronômicos mais cativantes a olho nu.
As conjunções não apenas embelezam o firmamento, mas também são excelentes oportunidades para observação astronômica, especialmente para quem está começando no mundo da astronomia. Vênus, Júpiter, Saturno, Marte… todos já participaram de espetáculos memoráveis.
Neste artigo, você vai descobrir:
- O que são conjunções planetárias;
- Os tipos mais comuns e suas diferenças;
- Por que elas ocorrem e como são previsíveis;
- Como observar conjunções no Brasil;
- Eventos notáveis passados e próximos;
- A relação entre conjunções e mitologia, astrologia e cultura.
Vamos entender por que as conjunções planetárias continuam encantando o mundo há milênios — e como você pode se preparar para não perder nenhuma.
O Que São Conjunções Planetárias?
Conjunções planetárias são fenômenos astronômicos que ocorrem quando dois ou mais planetas parecem estar muito próximos no céu, vistos da Terra. Essa proximidade é apenas aparente e ocorre devido à perspectiva do observador terrestre, já que os planetas, na realidade, estão separados por milhões de quilômetros no espaço.
O termo “conjunção” tem origem no latim “coniunctio”, que significa “união”. Na prática astronômica, refere-se ao momento em que dois corpos celestes compartilham a mesma longitude celeste — uma linha imaginária usada para determinar posições no céu. Embora esse conceito pareça técnico, o resultado visual pode ser encantador: planetas brilhando lado a lado, quase como se estivessem em um encontro cósmico.
Além de conjunções entre planetas, também ocorrem conjunções entre a Lua e os planetas, e até entre planetas e estrelas brilhantes. Esses eventos, por sua beleza e raridade relativa, despertam o interesse tanto de astrônomos amadores quanto de observadores ocasionais. Eles também fornecem valioso material para fotografias astronômicas e eventos educativos em escolas e observatórios.
Tipos de Conjunções Planetárias

As conjunções planetárias podem ser classificadas de acordo com a posição dos planetas em relação à Terra e ao Sol. Abaixo, detalhamos os tipos principais:
Conjunção Inferior
Esse tipo ocorre apenas com os chamados planetas inferiores — Mercúrio e Vênus —, que orbitam o Sol mais perto que a Terra. A conjunção inferior acontece quando o planeta passa diretamente entre a Terra e o Sol. Nessa posição, o planeta geralmente não é visível devido ao intenso brilho solar, a não ser em casos raros de trânsito, quando ele pode ser visto como um pequeno ponto passando sobre o disco solar.
Conjunção Superior
Também restrita aos planetas interiores, ocorre quando o planeta está do outro lado do Sol em relação à Terra. Durante esse tipo de conjunção, o planeta também não é visível, pois está ocultado pelo brilho do Sol e em sua máxima distância angular em relação à Terra.
Conjunção Aparente ou Visual
Essa é a mais famosa e a que costuma gerar imagens espetaculares. É quando dois planetas (ou um planeta e a Lua) parecem estar extremamente próximos no céu. Eles não compartilham exatamente a mesma posição tridimensional no espaço, mas a perspectiva de quem observa da Terra faz com que pareçam “colados”. Essa conjunção pode ocorrer entre planetas visíveis a olho nu, como Vênus e Júpiter, sendo ideal para observações e registros fotográficos.
Conjunções Múltiplas
Conjunções múltiplas envolvem três ou mais planetas ao mesmo tempo. São mais raras, mas proporcionam um verdadeiro espetáculo celeste. Quando bem posicionadas, essas conjunções permitem visualizar todos os planetas participantes numa única noite e até em uma mesma faixa do céu, gerando eventos de grande interesse público e astronômico.
Por Que as Conjunções Acontecem?
As conjunções planetárias ocorrem devido à geometria das órbitas planetárias e à posição da Terra como ponto de observação. Todos os planetas do Sistema Solar orbitam o Sol em planos aproximadamente coplanares, ou seja, em faixas que formam ângulos pequenos entre si. Essas órbitas próximas permitem que, periodicamente, os planetas pareçam se alinhar no céu.
Cada planeta tem uma velocidade de translação diferente. Mercúrio, por exemplo, completa uma volta ao redor do Sol em apenas 88 dias, enquanto Saturno leva mais de 29 anos. Essa diferença de velocidade faz com que, de tempos em tempos, suas posições se aproximem visualmente da perspectiva da Terra.
Além disso, a Terra está constantemente se movendo em sua própria órbita. À medida que ela se desloca, nosso ponto de vista muda, o que pode trazer dois planetas visualmente para a mesma região do céu, mesmo que estejam a distâncias muito diferentes.
Graças à regularidade das órbitas, os astrônomos podem prever com precisão milimétrica quando e onde ocorrerão conjunções planetárias. Essas previsões são divulgadas por observatórios, sites especializados e aplicativos de astronomia, permitindo que qualquer pessoa se planeje para observá-las.
Como Observar Conjunções Planetárias no Brasil
Observar conjunções planetárias não exige equipamento profissional. Em muitos casos, os planetas envolvidos são tão brilhantes que podem ser vistos a olho nu. Veja algumas dicas:
- Acompanhe previsões astronômicas — use aplicativos como Stellarium, SkySafari, Star Walk ou sites especializados;
- Escolha um local com boa visibilidade do céu — longe de prédios altos e da poluição luminosa urbana;
- Prefira observar logo após o pôr do sol ou antes do amanhecer — momentos em que os planetas estão mais visíveis;
- Use binóculos simples — eles podem ajudar a ver detalhes ou pares muito próximos;
- Registre o momento — com câmera fotográfica ou celular com modo noturno e tripé.
Conjunções Notáveis da História

Ao longo da história, conjunções planetárias deixaram marcas profundas nas culturas humanas, inspirando mitos, profecias e registros científicos. Algumas dessas conjunções foram observadas e registradas por civilizações antigas, enquanto outras ganharam notoriedade moderna por sua raridade ou beleza.
Conjunção de Júpiter e Saturno em 7 a.C.
Essa conjunção tripla entre Júpiter e Saturno, ocorrida na constelação de Peixes, é uma das mais estudadas por astrônomos e historiadores. Muitos estudiosos acreditam que pode ter sido o fenômeno que originou a “Estrela de Belém”, descrita na Bíblia. A rara repetição do encontro entre esses planetas em um mesmo ano causou grande impacto nas tradições orientais e na astrologia da época.
Grande Conjunção de 1563
Registrada por astrônomos europeus como Tycho Brahe, essa conjunção envolveu Júpiter e Saturno em um momento de grande efervescência científica. O evento foi usado como base para previsões astrológicas que influenciaram decisões políticas e religiosas. Também gerou debates sobre os modelos cosmológicos da época.
Conjunção Múltipla de 5 de maio de 2000
Em 2000, cinco planetas — Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno — alinharam-se com a Lua e o Sol, formando um padrão raro que alimentou previsões apocalípticas e especulações esotéricas. Apesar de não ter tido impacto físico real, gerou enorme interesse global e foi amplamente coberta pela mídia.
Grande Conjunção de 2020
Em 21 de dezembro de 2020, Júpiter e Saturno ficaram a apenas 0,1 grau um do outro no céu — o mais próximo que estiveram desde 1623. O evento foi apelidado de “Estrela de Natal” moderna, coincidindo com o solstício de verão no hemisfério sul. Observadores em todo o mundo, inclusive no Brasil, puderam presenciar o espetáculo a olho nu. Muitas pessoas organizaram encontros públicos e transmissões ao vivo.
Conjunção de Vênus e Júpiter em 2023
Este encontro ocorreu nas primeiras semanas de março de 2023 e foi amplamente visível no hemisfério sul. Vênus, o objeto mais brilhante do céu após o Sol e a Lua, se aproximou de Júpiter com um brilho intenso, criando um visual semelhante a uma dupla de estrelas. Foi um dos eventos celestes mais fotografados daquele ano.
Alinhamentos Futuros
A expectativa para as conjunções previstas para os anos de 2025 e 2034 já está mobilizando astrônomos e observadores amadores. Em 2025, será possível ver alinhamentos de Vênus, Marte e Júpiter nas madrugadas brasileiras, enquanto em 2034 um novo espetáculo com Júpiter e Marte trará um dos encontros mais brilhantes do século.
Essas conjunções mostram como o céu noturno pode contar histórias e ligar diferentes eras da humanidade. De antigas interpretações místicas a eventos astronômicos acompanhados por milhões nas redes sociais, os encontros planetários continuam despertando encantamento e reflexão sobre nosso lugar no universo.
Conjunções e Cultura Popular
As conjunções planetárias influenciaram civilizações antigas, sendo interpretadas como sinais dos deuses, presságios ou símbolos de mudança. Na astrologia, cada conjunção é considerada um marco energético.
Em registros históricos da Babilônia, Grécia e Egito, há menções a conjunções que coincidiram com acontecimentos políticos ou naturais significativos. Na cultura moderna, elas continuam a inspirar filmes, músicas e teorias curiosas sobre o destino do mundo.
Conjunções e a Mitologia dos Planetas
Na mitologia antiga, cada planeta era associado a uma divindade com características próprias. Vênus representava o amor e a beleza, Marte a guerra, Júpiter o poder e a justiça, e assim por diante. Quando esses planetas se encontravam no céu, os antigos viam isso como um sinal de que as divindades estavam interagindo, muitas vezes associando tais eventos a profecias ou mudanças importantes.
Essa simbologia ainda ecoa na astrologia moderna, onde as conjunções são vistas como momentos de renovação ou transformação.
Conjunções e Educação Científica
Conjunções planetárias são oportunidades ideais para introduzir jovens e curiosos no mundo da astronomia. Escolas, clubes de ciência e observatórios aproveitam esses eventos para promover sessões públicas de observação, incentivando o aprendizado prático e o encantamento com o cosmos.
Ver planetas como Vênus e Júpiter tão próximos no céu pode despertar a curiosidade e incentivar futuros astrônomos a explorar mais sobre o universo.
Diferença Entre Conjunções e Alinhamentos Planetários
Embora pareçam semelhantes, conjunções e alinhamentos são eventos distintos. Nas conjunções, dois planetas dividem a mesma coordenada celeste, aparentando estar lado a lado.
Já os alinhamentos ocorrem quando três ou mais planetas ficam visivelmente alinhados no céu, mas não necessariamente próximos entre si. Enquanto as conjunções são momentos específicos de aproximação, os alinhamentos são disposições espaciais mais amplas e prolongadas.
Conjunções Visíveis a Olho Nu x Necessidade de Equipamento
Algumas conjunções podem ser vistas facilmente a olho nu, especialmente quando envolvem planetas muito brilhantes. No entanto, outras podem exigir o uso de binóculos ou telescópios para melhor apreciação, principalmente quando os planetas envolvidos são menos luminosos ou quando o céu está com muita luminosidade artificial. Saber a diferença ajuda a planejar melhor sua observação.
Como Registrar uma Conjunção Planetária
Fotografar uma conjunção planetária é uma atividade gratificante. Com uma câmera DSLR, tripé e ajustes manuais de exposição, é possível capturar belíssimas imagens do evento. Mesmo com smartphones, hoje já é possível conseguir bons registros usando modo noturno e lentes auxiliares. O segredo está na preparação: escolher um local escuro, verificar a previsão do tempo e ajustar o foco corretamente.
Aplicativos e Sites Para Acompanhar Conjunções
Vários recursos digitais podem auxiliar na identificação e previsão de conjunções planetárias. Aplicativos como Stellarium, Sky Guide, Star Walk 2 e SkySafari permitem visualizar simulações do céu em tempo real. Sites como o Time and Date e o In-The-Sky.org oferecem calendários e mapas celestes detalhados. Com essas ferramentas, é fácil planejar observações com precisão.
Conjunções Futuras Imperdíveis
Nos próximos anos, algumas conjunções prometem encantar observadores no Brasil. Em março de 2026, Vênus e Saturno estarão visivelmente próximos logo após o pôr do sol. Em 2034, Júpiter e Marte formarão um belo par durante o amanhecer. Acompanhar esses eventos é uma forma de criar memórias visuais marcantes e ampliar a conexão com o céu.

Conclusão
As conjunções planetárias são eventos que mostram a harmonia e a beleza do cosmos em movimento. Embora sejam encontros visuais, sua ocorrência encanta, inspira e nos convida a contemplar o céu com outros olhos.
Seja para fins científicos, artísticos ou espirituais, observar uma conjunção é uma experiência única. Com um pouco de preparação e atenção ao calendário astronômico, qualquer pessoa pode participar desse espetáculo — e entender melhor o universo que nos cerca.
Na próxima vez que ouvir falar de uma conjunção planetária, não hesite: prepare sua observação, reúna amigos ou familiares, e aproveite o momento. Afinal, há algo de especial em ver mundos tão distantes aparentemente lado a lado, brilhando sobre nossas cabeças.